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domingo, setembro 30, 2012

Lições para 'o caminho' [Km 252]


   Se queremos alguma coisa mas acreditamos que não vamos ter, uma das formas de evitar a dor da decepção é minimizar o desejo ou até negá-lo. Raciocinamos que "Se não posso ter isso, então não é importante. Eu não queria isso mesmo". Se alguma parte escondida de nós continua querendo, quando outra pessoa consegue, sentimos inveja.
   Se não formos capazes de compartilhar a felicidade e o sucesso dos outros, nossas chances de conquistar a felicidade e a satisfação diminuem. Enquanto sentimos ciúme ou inveja, na verdade estamos empurrando para longe exatamente o que queremos na vida. A inveja é claramente um sinal de que estamos negando o nosso potencial de manifestar o que queremos na vida.
(John Gray, Ph.D., "Marte e Vênus recomeçando")

terça-feira, abril 10, 2012

Lições para 'o caminho' [Km 250]

Qual o melhor meio de lidar com a perda de um ente querido?
- É uma experiência das mais difíceis. Por mais que alguém diga: 'Já sou uma pessoa consciente, iluminada, não vou sentir nada', é mentira. Não há como ficar indiferente, pois nos toca, dói. Ao mesmo tempo, é essencial não se apegar a essa dor – não se apegar à pessoa que parte nem à dor que fica. Quando alguém que amamos se vai, uma parte dessa pessoa também fica em nós. O essencial é dar vida a essa vida em nossa vida. Que qualidades tinha este ser que eu amava? Será que, em minha vida, consigo manifestar essas qualidades para os outros? Isso é muito importante. Assim, a pessoa que se foi não desaparece, pois continua viva em nós."
(Monja Coen, zen budista)

terça-feira, outubro 20, 2009

Lições para 'o caminho' [Km 225]

Se eu quiser falar com Deus
(Gilberto Gil)

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar.

quinta-feira, junho 04, 2009

Lições para 'o caminho' [Km 202]

"É difícil libertar os tolos das amarras que eles veneram."
(Voltaire)

"... Dores, cada um tem as suas. Mas o que nos faz cultivá-las por décadas? Creio que nos apegamos com desespero a elas por não ter o que colocar no lugar, caso a dor se vá. E então se fica ruminando, alimentando a própria 'má sorte', num processo de vitimização que chega ao nível do absurdo. Por que fazemos isso conosco?
Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência."
(Martha Medeiros)

domingo, abril 05, 2009

Lições para 'o caminho' [Km 192]

O que precisamos ter é a compreensão de que as coisas na nossa vida são dinâmicas e fluidas. Quando o ser humano está feliz bloqueia a felicidade, pois deseja a eternidade para esse momento. Torna-se rígido, com medo de que o prazer acabe. Quando está infeliz, julga que o sofrimento não terá fim, mergulha na sombra, e assim amplia sua dor.
Como as ondas do mar, a vida é dinâmica. É tão certa a subida quanto a descida. Cada momento tem sua beleza. No prazer nós nos expandimos e na dor nos contraímos. Um movimento é complementar ao outro. Saber apreciar a alegria e a dor constitui a base da felicidade. Você não pode ser feliz somente quando tem prazer, pois perderá o maior aprendizado da existência. Você deve descobrir um jeito de ser feliz na experiência dolorida porque ela carrega a oportunidade de desenvolvimento.
Não desfrute somente o sol, aprecie também a lua. Não desfrute somente a calmaria, aproveite a tempestade. Tudo isso enriquece a existência. A vida não acontece somente dentro de uma casa, de uma cidade, de um país: ela tem de ser experimentada dentro do universo. A felicidade é um jeito de viver, é uma conduta, é uma maneira de estar agradecido ao sol, à lua, a quem lhe estende a mão e também a quem o abandona, pois certamente nesse abandono está a possibilidade de você descobrir a força que existe em seu interior. A felicidade não é o que as pessoas têm, mas o que elas fazem com isso. Por esse motivo há pessoas que, apesar de terem bens materiais, de serem bem relacionadas, com filhos saudáveis, ainda assim se sentem angustiadas e deprimidas.
(Palavras de uma mestra budista à um aluno)

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Lições para 'o caminho' [Km 118]

Pessoalmente, considero extremamente valioso o conselho a respeito de sofrimento que o grande estudioso e santo indiano Shantideva nos deu. É essencial, disse ele, quando se enfrentam dificuldades de qualquer espécie, não se deixar paralisar. Quando isso acontece, corremos o risco de ser totalmente esmagados por elas. Em vez disso, utilizando nossas faculdades críticas, devemos examinar a natureza do problema em si. Se descobrimos que existe a possibilidade de resolvê-la por algum meio, a ansiedade é desnecessária. A atitude racional deve ser então dedicar toda a energia para buscar esse meio e em seguida agir. Se, ao contrário, verificamos que a natureza do problema não admite solução, não há por que se preocupar a respeito. Se nada pode mudar a situação, preocupar-se só piora as coisas. A abordagem de Shantideva pode parecer um tanto simplista fora do contexto da questão filosófica em que aparece como ponto alto de uma complexa série de reflexões. Mas sua verdadeira beleza está nessa mesma simplicidade. E ninguém contestaria seu absoluto bom senso.
Quanto à possibilidade de o sofrimento ter realmente algum propósito, não vamos falar disso aqui. Mas basta pensar que, se a nossa experiência de sofrimento nos ajuda a compreender a experiência de sofrimento alheio, ele serve como um poderoso estímulo para se praticar a compaixão e evitar causar dor aos outros. E, à medida que o sofrimento desperta nossa empatia e nos une aos outros, ele pode servir como base para a compaixão e o amor. Isso me faz lembrar o exemplo de um grande estudioso e religioso tibetano que passou mais de vinte anos na prisão suportando um tratamento dos mais terríveis, sendo até torturado, depois da invasão de nosso país. Naquela época, alguns dos seus alunos que tinham escapado para o exílio costumavam contar-me que as cartas escritas por ele e levadas clandestinamente para fora da prisão continham os mais profundos ensinamentos sobre amor e compaixão que já tinham visto. Os acontecimentos infelizes, apesar de serem potencialmente uma fonte de raiva e desespero, podem da mesma forma transformar-se em fonte de crescimento espiritual. O resultado vai depender de nossa forma de reagir.

Copyright © 1999 by Dalai Lama ('Uma ética para o novo milênio' - 6.a Edição - Ed. Sextante) Todos os direitos reservados. All rights reserved.