Primeiras reflexões sobre a vaidade humana (*)
(Flávio Gikovate)
...Exercemos o exibicionismo por todas as formas, desde a mais inofensiva, que é o de caráter físico até a mais perigosa, que corresponde ao exibicionismo intelectual. O exibicionismo intelectual é o mais grave, porque nossa razão deveria estar a serviço de nos ajudar a ver a realidade como ela é e também a nos posicionar de forma adequada diante dos fatos.
Nossa vaidade nos leva a desenvolver uma certa aversão aos fatos, especialmente aqueles que não combinam com o que gostaríamos que fossem os que efetivamente existem. Passamos a brigar contra a realidade e a substituí-la por nossas ideias. Num determinado momento, passamos a acreditar que nossas ideias correspondem aos fatos.
Não importa muito como achamos que o mundo e as pessoas deveriam ser. Temos que nos ater ao que é. Não importa acharmos que o amor é que deve nortear as relações entre as pessoas e que a sexualidade deveria estar acoplada ao encontro de parceiros compatíveis e legais. Isso é o que alguns pretendem, mas não é o que todos querem e nem mesmo o que se observa na prática da vida.
...A vaidade cega, subtrai o bom senso, nos afasta da realidade e do que é possível para nós. A vaidade nos afasta da reflexão útil e nos leva a querer ganhar discussões. Não é este o meu objetivo, como de resto nunca foi este o meu modo de me posicionar perante os problemas da psicologia. Acho que nós deveríamos nos voltar para os fatos e tentar interpretá-los de todas as formas possíveis. Mas os fatos e não aquilo que gostaríamos que eles fossem.
* Extraído e editado à partir do artigo original publicado pelo autor, em seu site.
** Flávio Gikovate é médico psiquiatra, psicoterapeuta e escritor.
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