sexta-feira, agosto 21, 2009

Lições para 'o caminho' [Km 215]

Frequentemente, as forças do mal são mais sutis e menos manifestas. Quase tão horrível como o mal em si é a sua negação, como no caso das pessoas que passam pela vida vendo tudo cor-de-rosa. Na verdade, a negação do mal pode em certos sentidos perpetuar o próprio mal. No livro 'Em Busca das Pedras', escrevi sobre essa tendência, comum em muitas pessoas com boa situação financeira, cujo dinheiro isola-as no seu mundo de opulência. Elas não conseguem realmente enxergar a pobreza que existe bem perto delas, e assim evitam aceitar qualquer responsabilidade que por acaso tenham no problema. Muitos pegam o trem todos os dias nos seus refúgios suburbanos, para trabalhar no centro de Nova York, sem tirar as vistas de seus jornais quando passam pelos setores mais empobrecidos do Harlem. As favelas tornam-se invisíveis e o mesmo acontece, assim, com quem nelas está imerso.
De outro lado estão aqueles que têm cínica opinião a respeito do mundo e parecem acreditar que o mal se esconde detrás de tudo. A visão deles é sombria e fatalista, mesmo em meio à inocência e à beleza. Eles procuram o pior em tudo, sem nunca reparar no que é positivo e dá sustentação à vida. Quando o desespero e o cinismo são como demônios para nós, arriscamo-nos também a perpetuar o mal. Embora não possamos evitar os nossos demônios, podemos optar por não lhes dar as boas-vindas nem nos aliar a eles. Para sermos sadios, devemos combatê-los pessoalmente.

Copyright © 2009 by M. Scott Peck Todos os direitos reservados. All rights reserved.

Nenhum comentário: